quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Rasuras sobre Travessia

Lendo um trecho dos escritos de Fernando Pessoa, refleti sobre os tempos que nos desafiam a fazer travessias.

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos." F. Pessoa

Agir em prol do abandono das "roupas" usadas, surradas e velhas que escolhemos para usar, das cores que compõem nossa identidade roupal e dos modelos que envolvem nosso estilo, é caminho trabalhoso e muitas vezes pedregoso. Gosto até de pensar que o conforto para alguns, está na roupa gasta, parece que o tecido fica mais suave no corpo.

Existem tantos caminhos para relacionar essa metáfora com as áreas diversas da existência. Hoje, quero associar essa metáfora com a consciência moral. Acredito, que nossa consciência moral precisa passar por travessias, alcançar novos espaços, praticar novos hábitos e finalmente abandonar as roupas usadas.

Consciência moral pode ser compreendida, primeiramente, como um conjunto de ideias preconcebidas. Essas ideias são responsáveis por ações e reações. Num segundo plano, tem-se uma estrutura de valores, juízos, sentenças, padrões, costumes e crenças, que fazem parte dos óculos existenciais que cada pessoa usa para perceber e julgar a realidade. Todos esses aspectos foram herdados, pois a maioria dos pensamentos não são construídos e sim transmitidos, adquiridos, capturados pelos diversos ambientes que formam cada ser humano. Daí, a bandeira antropológica de que não nascemos humanos, nos tornamos humanos. Sendo assim, somos moralmente formados.





O tempo da travessia inclui transpor barreiras morais.

É tempo de travessia! Diante das múltiplas maneiras de viver e estar no mundo, é necessário pensar no seu, no meu e no nosso tempo de travessia.
Uma vida melhor exige uma boa travessia!

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